Igreja Católica é colocada contra a parede pela Organização das Nações Unidas e precisa pôr um fim nos casos de abuso sexual
Foi
com base em declarações como “as mesmas mãos que abusavam de mim me
davam a comunhão”, de uma das vítimas de pedofilia, a irlandesa Marie
Collins – que sofreu abuso aos 13 anos –, que a Organização das Nações
Unidas (ONU) foi a fundo nas denúncias envolvendo padres da Igreja
Católica e pediu os nomes de todos os envolvidos com o crime de
pedofilia.
Essa apuração das diversas acusações que
a Igreja Católica vem recebendo teve origem no papado de Bento XVI
(2005-2013), quando diversos escândalos vieram à tona, entre eles um
relatório de 2009 que detalhava décadas de violência sexual contra
crianças em orfanatos, reformatórios e escolas de propriedade ou
dirigidas por membros da Igreja Católica na Irlanda.
No caso de reformatórios, o mais
comentado é o das lavanderias das Irmãs de Maria Madalena, que ficou sob
a administração da Santa Sé até 1996, nas quais prostitutas e mães
solteiras eram obrigadas a fazer trabalho escravo e abusadas sexual,
fisica e psicologicamente.
Em julho de 2013, assim que deu início
ao seu pontificado, o papa Francisco endureceu as penas para os casos
relacionados a abusos de menores.
Não se sabe ao certo se foi para
eliminar o problema ou para escondê-lo que o papa e oito cardeais que o
assessoram na reforma da Cúria anunciaram a criação de uma comissão, em
dezembro do ano passado, para lutar contra a pedofilia.
No dia 16 de janeiro, o porta-voz do
Vaticano na ONU compareceu diante de um painel de especialistas da
organização, mas evitou falar a respeito do assunto.
Agora, o Comitê da ONU sobre os Direitos
da Criança acusou o Vaticano de nunca ter reconhecido a relevância dos
crimes de abusos sexuais contra menores cometidos por sacerdotes e de
não ter tomado as devidas providências para proteger as crianças, o que
teria provocado a continuidade dos abusos e a impunidade dos agressores.
O alto escalão da ONU exigiu no início
de fevereiro que o Vaticano demitisse os culpados por abuso sexual dos
cargos e que eles fossem entregues à polícia.
A Cúria Romana se defendeu das críticas
da ONU sobre a falta de proteção das crianças contra os abusos do clero
acusando o organismo de interferir no ensino católico e no exercício da
liberdade religiosa.
O porta-voz do Vaticano, Federico
Lombardi, que esteve em Madri, também defendeu a igreja, o que já era de
se esperar, mas admite que a igreja tem de explicar sua posição e os
seus erros. Agora, o que se pergunta é por que, mesmo tendo conhecimento
dos casos há tantos anos, a Igreja Católica não tomou a atitude de
expulsar e punir os padres pedófilos.
O certo é que a mesma igreja que
condenou o filósofo italiano Galileu Galilei por sustentar que a Terra
não estava parada, mas que se movia, é a que hoje, além de ter de
aceitar que a Terra se move, talvez tenha que admitir que milhares de
crianças no mundo foram vítimas de padres pedófilos.
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