REVISTA "ISTO É"
ENTREVISTA BISPO MACEDO
"O céu e o inferno não são folclore"
Em entrevista exclusiva, Edir Macedo conta que não tem residência fixa,
diz que a Igreja Universal ainda é perseguida pelos católicos, relata o
último encontro com a presidenta Dilma Rousseff e fala sobre o futuro da
Igreja e da Rede Record
Mário Simas Filho
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Edir Macedo estava no apartamento de aproximadamente 200 metros
quadrados no último andar do prédio da Igreja Universal do Reino de
Deus, na avenida João Dias, em São Paulo, quando soube que o lançamento
de sua autobiografia "Nada a Perder", na Argentina, fora um sucesso
(leia reportagem à pág. 68). Na sequência, Macedo foi informado de que o
livro também será traduzido para o francês e imediatamente começou a
procurar data na agenda para promover um lançamento em Paris no início
do próximo ano. Foi no embalo dessas notícias que, no domingo 18,
sentado no sofá da sala do imóvel que costuma ocupar quando está em São
Paulo, Edir Macedo concedeu entrevista exclusiva à ISTOÉ. Nos últimos
sete anos, é a primeira entrevista do bispo a um meio de comunicação que
não...
...pertence a ele. Aos 67 anos, o líder da IURD e dono da Rede Record
entende que ainda é tratado como o chefe de uma seita pela cúpula
católica. Ele relata o último encontro que teve com a presidenta Dilma
Rousseff, afirma que milagres continuam a ocorrer em seus templos e se
mostra emocionado quando faz referência às pessoas que conseguem
encontrar na Universal um novo caminho para suas vidas.
ISTOÉ - Como é sua rotina? Por que o sr. não mora no Brasil?
Edir Macedo - Não tenho uma rotina definida. Dedico cem por cento do meu
tempo às questões espirituais da Igreja Universal do Reino de Deus em
todo o mundo. Não exerço uma profissão ou um cargo executivo, exerço uma
missão de fé que tem como único objetivo pregar o Evangelho. Isso exige
certos sacrifícios, como, por exemplo, não ter uma residência fixa.
Viajo os continentes, o máximo que posso, para ensinar o que temos
recebido de Deus aos pastores e ao nosso povo. Em quase todos os países,
moro em apartamentos construídos no prédio da Igreja. Minha vida se
resume ao altar e ao convívio com minha esposa, Ester.
ISTOÉ - O sr. é um homem rico?
Macedo - Vivo da ajuda de custo da Igreja e dos direitos autorais. A
Igreja Universal não é patrocinada pelo governo ou por qualquer
iniciativa privada. Temos despesas para pagar. Aluguéis, reformas e
construções de centenas de templos, contas milionárias de luz e água,
ajuda de custo de milhares de pastores, mais de 5.800 funcionários
registrados etc., etc... Quem paga tudo isso? O dinheiro não cai do céu.
É Deus quem dá o sustento para a Sua Igreja abençoando a vida das
pessoas. Quanto mais elas recebem, mais elas nos ajudam a investir no
Evangelho. E mais: nunca recebi nenhuma remuneração da Record, nem como
pró-labore ou como ganho de lucros, conforme demonstrado nos balanços da
emissora, registrados na Junta Comercial. Todo o lucro é reinvestido na
própria Record. Ela está aí para crescer e conquistar um espaço ainda
maior.
ISTOÉ - Além da Record, o sr. possui empresas em outros ramos?
Macedo - Tenho em meu nome a Record, mas meu prazer mesmo é pregar o
Evangelho.
ISTOÉ - O bispo Edir Macedo consegue se distanciar do empresário das
comunicações Edir Macedo?
Macedo - Deixo os negócios sob responsabilidade dos profissionais
contratados para tocarem o dia a dia da Record, por isso não me
considero um empresário. Não tenho riqueza maior na vida do que a minha
fé. O nome do meu livro não é uma mera expressão literária. Não tenho
nada a perder. E isso é um recado claro e direto a quem interessar.
ISTOÉ - Logo no início do livro o sr. diz que, no momento de sua prisão,
políticos de prestígio, empresários, juízes e desembargadores tomavam
decisões sob a influência do alto comando católico. Quais eram os
políticos e juízes que agiam sob influência da cúpula católica?
Macedo - A Igreja Universal foi e continua sendo atacada. Isso não
acabou. Somos sempre alvo de certos setores da sociedade incomodados com
a perda de espaço e privilégios, como a Globo e o Vaticano. Há um claro
preconceito por trás disso. Uma postura agressiva velada. Ou alguém
duvida que a Globo só me ataca e ataca a Igreja Universal por causa da
Record? Para eles, a Record é uma ameaça. Naquele tempo da minha prisão,
por exemplo, houve um escândalo sem precedentes na televisão de que
pouca gente lembra. A Globo teve a petulância de colocar, em uma cena de
novela, uma atriz, prestes a ter relações sexuais, jogando o sutiã em
cima da "Bíblia Sagrada". Você tem ideia do que isso significa? Uma
afronta ao símbolo maior da fé cristã. A "Bíblia" não é um livro sagrado
apenas da Igreja Universal, mas de todos os cristãos. E o que
aconteceu? Nada! Muita gente aplaudiu, achou bonito. Em outro país, essa
emissora de tevê não passaria sem punição. E agora, vários anos depois,
essa mesma emissora quer patrocinar eventos de música gospel? Dá para
acreditar nas intenções dessa empresa? Estranho, não é?
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ISTOÉ - A relação dos líderes católicos com a Universal mudou de lá para
cá? E com o Judiciário?
Macedo - Não temos relação com esse segmento religioso (os católicos)
porque eles ainda nos consideram como seita. Não temos nada contra o
povo católico, em sua enorme maioria formada por gente sincera e de bem.
Depois de 35 anos, apesar do trabalho social e espiritual desenvolvido
pela Igreja Universal, ainda somos tratados com preconceito, mas vamos
em frente, vamos arrebentar de qualquer maneira. Sempre foi assim. Sobre
os membros do Judiciário, penso completamente diferente. Tenho uma
avaliação extremamente positiva do nosso Judiciário. Confio muito no
senso de justiça e independência da classe de magistrados do nosso país.
ISTOÉ - Como o sr. se relaciona com a presidenta Dilma Rousseff? E com
os ex-presidentes Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula?
Macedo - Ao longo dos últimos anos tivemos alguns encontros com a
presidenta Dilma, por quem tenho profundo respeito. O último encontro
aconteceu em Londres, durante os Jogos Olímpicos. Procuramos mostrar a
ela e aos demais ministros que a democracia nos meios de comunicação,
principalmente na televisão, é o melhor caminho para o Brasil. Alertei a
presidenta Dilma que o monopólio nas comunicações é um caminho perigoso
para o País. Também tivemos algum relacionamento com os demais
presidentes brasileiros e diversas autoridades de outros países. Mais
isso vou detalhar no volume dois do meu livro de memórias.
ISTOÉ - O sr. é bem tratado pelos agentes do poder?
Macedo - Todos nos tratam com consideração pelo trabalho de recuperação
social que a Igreja Universal realiza junto às mais variadas classes
sociais. Quantos bilhões os governos economizam com o atendimento
espiritual proporcionado pela Igreja Universal? Quando alguém vence uma
crise crônica de depressão ou supera o vício das drogas, por exemplo,
quanto o sistema de saúde público economiza? Imagine esse efeito
multiplicado aos milhões.
ISTOÉ - Estudiosos das igrejas neopentecostais têm pesquisas mostrando
que os fiéis costumam fazer um rodízio entre as inúmeras denominações. A
Universal seria a preferida daqueles que passam por problemas
financeiros. Isso é real?
Macedo - A Igreja Universal é um pronto-socorro espiritual. Ela recebe
gente que sofre com os mais variados males, entre eles dificuldades
financeiras. Isso me faz lembrar uma importante reflexão. Se tanta gente
chega arruinada e é enganada e explorada por nós, como dizem por aí,
por que elas permanecem na Igreja Universal? O que é enganado, se
deixaria enganar uma única vez e não voltaria nunca mais. Mas por que
existem tantos templos lotados no Brasil? Por que existem tantos membros
fiéis com décadas de Igreja? Como explicar esse crescimento em todo o
mundo, acima de culturas, raças e idiomas? Não é o cumprimento da
promessa do bispo Macedo na vida delas. É o cumprimento dos juramentos
bíblicos.
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ISTOÉ - Sociólogos são unânimes ao explicar o sucesso da Igreja
Universal pela máxima de que em seus cultos sustenta-se que a felicidade
plena deve ser alcançada e conquistada na vida presente. Então, no seu
entender, como seria a vida eterna, a vida pós-morte?
Macedo - Exatamente como a "Bíblia" ensina: salvação da alma para os que
aceitam e praticam essa fé e condenação para os que não aceitam. Isso
está escrito de maneira simples e objetiva. Acredita quem quer. O
destino após a morte é definido pelas escolhas que o ser humano faz em
vida. O céu e o inferno não são folclore. Aceitar o Senhor Jesus como
seu Salvador é o único caminho da salvação eterna da alma. E essa é a
maior riqueza de qualquer pessoa. Não existe bem maior do que a salvação
da nossa alma.
ISTOÉ - A principal acusação que o levou à prisão foi a de
charlatanismo, em razão de cultos em que havia exorcismo. Nos cultos
realizados pelo padre Marcelo Rossi, por exemplo, também se diz que os
dons do Espírito Santo são usados para a operação de milagres. O que o
difere do padre Marcelo?
Macedo - Não tenho a mínima ideia do que acontece em outros lugares. O
fato é que a Igreja Universal baseia sua crença cem por cento nos
ensinamentos da Palavra de Deus. E na "Bíblia" existem exemplos claros e
incontestáveis da manifestação da fé através da realização de curas e
da libertação espiritual. Temos milhares de histórias reais de pessoas
que experimentaram esses milagres e podem atestar, nos dias de hoje, a
veracidade das promessas cristãs. Mas o maior milagre é a conquista da
fé inteligente, capaz de gerar uma mudança radical de comportamento, a
transformação completa de pensamentos e de valores.
ISTOÉ - No livro, o sr. sugere que as perseguições contra a Universal
aumentaram depois da compra da Record.
Macedo - Como disse, o avanço da Record incomoda muita gente.
Crescimento ainda maior da Record significa o fim do monopólio, dos
mandos e desmandos de certos barões da mídia, de grupos religiosos
conservadores contrários à prática da fé que ensina as pessoas a pensar
livremente. São esses setores da sociedade que sempre nos atacaram.
Muita gente me odeia sem ao menos me conhecer. Pessoas que nem sequer
pararam para pensar mais a fundo sobre os princípios que defendemos. Eu
só quero que elas pensem e não formem suas opiniões pelo que leem nos
jornais ou veem na televisão. Eu sei que a tendência da maioria é ter
uma opinião negativa sobre nós porque as pessoas sempre foram
alimentadas pelas informações da mídia. Eu não as culpo. Desejo apenas
que pensem. Só isso. Pensem.
ISTOÉ - O sr. interfere no dia a dia da Record? Tem conhecimento prévio
do que vai ao ar?
Macedo - Existe um comitê de gestão formado pela presidência,
vice-presidências e algumas diretorias estratégicas que tomam as
decisões no dia a dia da Record. Eles se reportam a mim, de tempos em
tempos. São profissionais competentes que têm feito um ótimo trabalho e
em quem depositamos nossa confiança. Muitas vezes sou surpreendido por
uma estreia ou outra no ar. É claro que também dou minhas opiniões e
sugestões, mas são muito raras. Algumas são reprovadas (risos) e outras
aprovadas, como a produção de minisséries bíblicas, a exemplo de "Rei
Davi". Foi uma inovação importante para a televisão brasileira. O
trabalho foi belíssimo, alcançou um excelente resultado de audiência e
atingiu diferentes tipos de público. A determinação geral é seguirmos
firmes na construção de uma emissora de tevê com programação
diversificada e de qualidade, voltada para todos os brasileiros.
ISTOÉ - Quais os seus planos para o futuro da emissora, já que o mercado
das comunicações passa por grande transição?
Macedo - A Record tem um projeto de televisão em andamento. Não vivemos
de um acerto pontual ou outro na programação. Construímos um
departamento de jornalismo sólido e com credibilidade, uma fábrica de
novelas própria com milhares de funcionários e um projeto comercial que
conquistou a confiança dos anunciantes. O ano de 2013 será de grandes
investimentos em nossa emissora. Nossa meta é a liderança, não importa o
tempo que isso demore para acontecer. Nosso foco está bem definido.
Vamos chegar lá. Vamos arrebentar.
Fonte: Revista Isto É
REVISTA "ISTO É"
ENTREVISTA BISPO MACEDO
"O céu e o inferno não são folclore"
Em entrevista exclusiva, Edir Macedo conta que não tem residência fixa,
diz que a Igreja Universal ainda é perseguida pelos católicos, relata o
último encontro com a presidenta Dilma Rousseff e fala sobre o futuro da
Igreja e da Rede Record
Mário Simas Filho
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Edir Macedo estava no apartamento de aproximadamente 200 metros
quadrados no último andar do prédio da Igreja Universal do Reino de
Deus, na avenida João Dias, em São Paulo, quando soube que o lançamento
de sua autobiografia "Nada a Perder", na Argentina, fora um sucesso
(leia reportagem à pág. 68). Na sequência, Macedo foi informado de que o
livro também será traduzido para o francês e imediatamente começou a
procurar data na agenda para promover um lançamento em Paris no início
do próximo ano. Foi no embalo dessas notícias que, no domingo 18,
sentado no sofá da sala do imóvel que costuma ocupar quando está em São
Paulo, Edir Macedo concedeu entrevista exclusiva à ISTOÉ. Nos últimos
sete anos, é a primeira entrevista do bispo a um meio de comunicação que
não...
...pertence a ele. Aos 67 anos, o líder da IURD e dono da Rede Record
entende que ainda é tratado como o chefe de uma seita pela cúpula
católica. Ele relata o último encontro que teve com a presidenta Dilma
Rousseff, afirma que milagres continuam a ocorrer em seus templos e se
mostra emocionado quando faz referência às pessoas que conseguem
encontrar na Universal um novo caminho para suas vidas.
ISTOÉ - Como é sua rotina? Por que o sr. não mora no Brasil?
Edir Macedo - Não tenho uma rotina definida. Dedico cem por cento do meu
tempo às questões espirituais da Igreja Universal do Reino de Deus em
todo o mundo. Não exerço uma profissão ou um cargo executivo, exerço uma
missão de fé que tem como único objetivo pregar o Evangelho. Isso exige
certos sacrifícios, como, por exemplo, não ter uma residência fixa.
Viajo os continentes, o máximo que posso, para ensinar o que temos
recebido de Deus aos pastores e ao nosso povo. Em quase todos os países,
moro em apartamentos construídos no prédio da Igreja. Minha vida se
resume ao altar e ao convívio com minha esposa, Ester.
ISTOÉ - O sr. é um homem rico?
Macedo - Vivo da ajuda de custo da Igreja e dos direitos autorais. A
Igreja Universal não é patrocinada pelo governo ou por qualquer
iniciativa privada. Temos despesas para pagar. Aluguéis, reformas e
construções de centenas de templos, contas milionárias de luz e água,
ajuda de custo de milhares de pastores, mais de 5.800 funcionários
registrados etc., etc... Quem paga tudo isso? O dinheiro não cai do céu.
É Deus quem dá o sustento para a Sua Igreja abençoando a vida das
pessoas. Quanto mais elas recebem, mais elas nos ajudam a investir no
Evangelho. E mais: nunca recebi nenhuma remuneração da Record, nem como
pró-labore ou como ganho de lucros, conforme demonstrado nos balanços da
emissora, registrados na Junta Comercial. Todo o lucro é reinvestido na
própria Record. Ela está aí para crescer e conquistar um espaço ainda
maior.
ISTOÉ - Além da Record, o sr. possui empresas em outros ramos?
Macedo - Tenho em meu nome a Record, mas meu prazer mesmo é pregar o
Evangelho.
ISTOÉ - O bispo Edir Macedo consegue se distanciar do empresário das
comunicações Edir Macedo?
Macedo - Deixo os negócios sob responsabilidade dos profissionais
contratados para tocarem o dia a dia da Record, por isso não me
considero um empresário. Não tenho riqueza maior na vida do que a minha
fé. O nome do meu livro não é uma mera expressão literária. Não tenho
nada a perder. E isso é um recado claro e direto a quem interessar.
ISTOÉ - Logo no início do livro o sr. diz que, no momento de sua prisão,
políticos de prestígio, empresários, juízes e desembargadores tomavam
decisões sob a influência do alto comando católico. Quais eram os
políticos e juízes que agiam sob influência da cúpula católica?
Macedo - A Igreja Universal foi e continua sendo atacada. Isso não
acabou. Somos sempre alvo de certos setores da sociedade incomodados com
a perda de espaço e privilégios, como a Globo e o Vaticano. Há um claro
preconceito por trás disso. Uma postura agressiva velada. Ou alguém
duvida que a Globo só me ataca e ataca a Igreja Universal por causa da
Record? Para eles, a Record é uma ameaça. Naquele tempo da minha prisão,
por exemplo, houve um escândalo sem precedentes na televisão de que
pouca gente lembra. A Globo teve a petulância de colocar, em uma cena de
novela, uma atriz, prestes a ter relações sexuais, jogando o sutiã em
cima da "Bíblia Sagrada". Você tem ideia do que isso significa? Uma
afronta ao símbolo maior da fé cristã. A "Bíblia" não é um livro sagrado
apenas da Igreja Universal, mas de todos os cristãos. E o que
aconteceu? Nada! Muita gente aplaudiu, achou bonito. Em outro país, essa
emissora de tevê não passaria sem punição. E agora, vários anos depois,
essa mesma emissora quer patrocinar eventos de música gospel? Dá para
acreditar nas intenções dessa empresa? Estranho, não é?
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ISTOÉ - A relação dos líderes católicos com a Universal mudou de lá para
cá? E com o Judiciário?
Macedo - Não temos relação com esse segmento religioso (os católicos)
porque eles ainda nos consideram como seita. Não temos nada contra o
povo católico, em sua enorme maioria formada por gente sincera e de bem.
Depois de 35 anos, apesar do trabalho social e espiritual desenvolvido
pela Igreja Universal, ainda somos tratados com preconceito, mas vamos
em frente, vamos arrebentar de qualquer maneira. Sempre foi assim. Sobre
os membros do Judiciário, penso completamente diferente. Tenho uma
avaliação extremamente positiva do nosso Judiciário. Confio muito no
senso de justiça e independência da classe de magistrados do nosso país.
ISTOÉ - Como o sr. se relaciona com a presidenta Dilma Rousseff? E com
os ex-presidentes Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula?
Macedo - Ao longo dos últimos anos tivemos alguns encontros com a
presidenta Dilma, por quem tenho profundo respeito. O último encontro
aconteceu em Londres, durante os Jogos Olímpicos. Procuramos mostrar a
ela e aos demais ministros que a democracia nos meios de comunicação,
principalmente na televisão, é o melhor caminho para o Brasil. Alertei a
presidenta Dilma que o monopólio nas comunicações é um caminho perigoso
para o País. Também tivemos algum relacionamento com os demais
presidentes brasileiros e diversas autoridades de outros países. Mais
isso vou detalhar no volume dois do meu livro de memórias.
ISTOÉ - O sr. é bem tratado pelos agentes do poder?
Macedo - Todos nos tratam com consideração pelo trabalho de recuperação
social que a Igreja Universal realiza junto às mais variadas classes
sociais. Quantos bilhões os governos economizam com o atendimento
espiritual proporcionado pela Igreja Universal? Quando alguém vence uma
crise crônica de depressão ou supera o vício das drogas, por exemplo,
quanto o sistema de saúde público economiza? Imagine esse efeito
multiplicado aos milhões.
ISTOÉ - Estudiosos das igrejas neopentecostais têm pesquisas mostrando
que os fiéis costumam fazer um rodízio entre as inúmeras denominações. A
Universal seria a preferida daqueles que passam por problemas
financeiros. Isso é real?
Macedo - A Igreja Universal é um pronto-socorro espiritual. Ela recebe
gente que sofre com os mais variados males, entre eles dificuldades
financeiras. Isso me faz lembrar uma importante reflexão. Se tanta gente
chega arruinada e é enganada e explorada por nós, como dizem por aí,
por que elas permanecem na Igreja Universal? O que é enganado, se
deixaria enganar uma única vez e não voltaria nunca mais. Mas por que
existem tantos templos lotados no Brasil? Por que existem tantos membros
fiéis com décadas de Igreja? Como explicar esse crescimento em todo o
mundo, acima de culturas, raças e idiomas? Não é o cumprimento da
promessa do bispo Macedo na vida delas. É o cumprimento dos juramentos
bíblicos.
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ISTOÉ - Sociólogos são unânimes ao explicar o sucesso da Igreja
Universal pela máxima de que em seus cultos sustenta-se que a felicidade
plena deve ser alcançada e conquistada na vida presente. Então, no seu
entender, como seria a vida eterna, a vida pós-morte?
Macedo - Exatamente como a "Bíblia" ensina: salvação da alma para os que
aceitam e praticam essa fé e condenação para os que não aceitam. Isso
está escrito de maneira simples e objetiva. Acredita quem quer. O
destino após a morte é definido pelas escolhas que o ser humano faz em
vida. O céu e o inferno não são folclore. Aceitar o Senhor Jesus como
seu Salvador é o único caminho da salvação eterna da alma. E essa é a
maior riqueza de qualquer pessoa. Não existe bem maior do que a salvação
da nossa alma.
ISTOÉ - A principal acusação que o levou à prisão foi a de
charlatanismo, em razão de cultos em que havia exorcismo. Nos cultos
realizados pelo padre Marcelo Rossi, por exemplo, também se diz que os
dons do Espírito Santo são usados para a operação de milagres. O que o
difere do padre Marcelo?
Macedo - Não tenho a mínima ideia do que acontece em outros lugares. O
fato é que a Igreja Universal baseia sua crença cem por cento nos
ensinamentos da Palavra de Deus. E na "Bíblia" existem exemplos claros e
incontestáveis da manifestação da fé através da realização de curas e
da libertação espiritual. Temos milhares de histórias reais de pessoas
que experimentaram esses milagres e podem atestar, nos dias de hoje, a
veracidade das promessas cristãs. Mas o maior milagre é a conquista da
fé inteligente, capaz de gerar uma mudança radical de comportamento, a
transformação completa de pensamentos e de valores.
ISTOÉ - No livro, o sr. sugere que as perseguições contra a Universal
aumentaram depois da compra da Record.
Macedo - Como disse, o avanço da Record incomoda muita gente.
Crescimento ainda maior da Record significa o fim do monopólio, dos
mandos e desmandos de certos barões da mídia, de grupos religiosos
conservadores contrários à prática da fé que ensina as pessoas a pensar
livremente. São esses setores da sociedade que sempre nos atacaram.
Muita gente me odeia sem ao menos me conhecer. Pessoas que nem sequer
pararam para pensar mais a fundo sobre os princípios que defendemos. Eu
só quero que elas pensem e não formem suas opiniões pelo que leem nos
jornais ou veem na televisão. Eu sei que a tendência da maioria é ter
uma opinião negativa sobre nós porque as pessoas sempre foram
alimentadas pelas informações da mídia. Eu não as culpo. Desejo apenas
que pensem. Só isso. Pensem.
ISTOÉ - O sr. interfere no dia a dia da Record? Tem conhecimento prévio
do que vai ao ar?
Macedo - Existe um comitê de gestão formado pela presidência,
vice-presidências e algumas diretorias estratégicas que tomam as
decisões no dia a dia da Record. Eles se reportam a mim, de tempos em
tempos. São profissionais competentes que têm feito um ótimo trabalho e
em quem depositamos nossa confiança. Muitas vezes sou surpreendido por
uma estreia ou outra no ar. É claro que também dou minhas opiniões e
sugestões, mas são muito raras. Algumas são reprovadas (risos) e outras
aprovadas, como a produção de minisséries bíblicas, a exemplo de "Rei
Davi". Foi uma inovação importante para a televisão brasileira. O
trabalho foi belíssimo, alcançou um excelente resultado de audiência e
atingiu diferentes tipos de público. A determinação geral é seguirmos
firmes na construção de uma emissora de tevê com programação
diversificada e de qualidade, voltada para todos os brasileiros.
ISTOÉ - Quais os seus planos para o futuro da emissora, já que o mercado
das comunicações passa por grande transição?
Macedo - A Record tem um projeto de televisão em andamento. Não vivemos
de um acerto pontual ou outro na programação. Construímos um
departamento de jornalismo sólido e com credibilidade, uma fábrica de
novelas própria com milhares de funcionários e um projeto comercial que
conquistou a confiança dos anunciantes. O ano de 2013 será de grandes
investimentos em nossa emissora. Nossa meta é a liderança, não importa o
tempo que isso demore para acontecer. Nosso foco está bem definido.
Vamos chegar lá. Vamos arrebentar.
Fonte: Revista Isto É
REVISTA "ISTO É"
ENTREVISTA BISPO MACEDO
"O céu e o inferno não são folclore"
Em entrevista exclusiva, Edir Macedo conta que não tem residência fixa,
diz que a Igreja Universal ainda é perseguida pelos católicos, relata o
último encontro com a presidenta Dilma Rousseff e fala sobre o futuro da
Igreja e da Rede Record
Mário Simas Filho
08.jpg
Edir Macedo estava no apartamento de aproximadamente 200 metros
quadrados no último andar do prédio da Igreja Universal do Reino de
Deus, na avenida João Dias, em São Paulo, quando soube que o lançamento
de sua autobiografia "Nada a Perder", na Argentina, fora um sucesso
(leia reportagem à pág. 68). Na sequência, Macedo foi informado de que o
livro também será traduzido para o francês e imediatamente começou a
procurar data na agenda para promover um lançamento em Paris no início
do próximo ano. Foi no embalo dessas notícias que, no domingo 18,
sentado no sofá da sala do imóvel que costuma ocupar quando está em São
Paulo, Edir Macedo concedeu entrevista exclusiva à ISTOÉ. Nos últimos
sete anos, é a primeira entrevista do bispo a um meio de comunicação que
não...
...pertence a ele. Aos 67 anos, o líder da IURD e dono da Rede Record
entende que ainda é tratado como o chefe de uma seita pela cúpula
católica. Ele relata o último encontro que teve com a presidenta Dilma
Rousseff, afirma que milagres continuam a ocorrer em seus templos e se
mostra emocionado quando faz referência às pessoas que conseguem
encontrar na Universal um novo caminho para suas vidas.
ISTOÉ - Como é sua rotina? Por que o sr. não mora no Brasil?
Edir Macedo - Não tenho uma rotina definida. Dedico cem por cento do meu
tempo às questões espirituais da Igreja Universal do Reino de Deus em
todo o mundo. Não exerço uma profissão ou um cargo executivo, exerço uma
missão de fé que tem como único objetivo pregar o Evangelho. Isso exige
certos sacrifícios, como, por exemplo, não ter uma residência fixa.
Viajo os continentes, o máximo que posso, para ensinar o que temos
recebido de Deus aos pastores e ao nosso povo. Em quase todos os países,
moro em apartamentos construídos no prédio da Igreja. Minha vida se
resume ao altar e ao convívio com minha esposa, Ester.
ISTOÉ - O sr. é um homem rico?
Macedo - Vivo da ajuda de custo da Igreja e dos direitos autorais. A
Igreja Universal não é patrocinada pelo governo ou por qualquer
iniciativa privada. Temos despesas para pagar. Aluguéis, reformas e
construções de centenas de templos, contas milionárias de luz e água,
ajuda de custo de milhares de pastores, mais de 5.800 funcionários
registrados etc., etc... Quem paga tudo isso? O dinheiro não cai do céu.
É Deus quem dá o sustento para a Sua Igreja abençoando a vida das
pessoas. Quanto mais elas recebem, mais elas nos ajudam a investir no
Evangelho. E mais: nunca recebi nenhuma remuneração da Record, nem como
pró-labore ou como ganho de lucros, conforme demonstrado nos balanços da
emissora, registrados na Junta Comercial. Todo o lucro é reinvestido na
própria Record. Ela está aí para crescer e conquistar um espaço ainda
maior.
ISTOÉ - Além da Record, o sr. possui empresas em outros ramos?
Macedo - Tenho em meu nome a Record, mas meu prazer mesmo é pregar o
Evangelho.
ISTOÉ - O bispo Edir Macedo consegue se distanciar do empresário das
comunicações Edir Macedo?
Macedo - Deixo os negócios sob responsabilidade dos profissionais
contratados para tocarem o dia a dia da Record, por isso não me
considero um empresário. Não tenho riqueza maior na vida do que a minha
fé. O nome do meu livro não é uma mera expressão literária. Não tenho
nada a perder. E isso é um recado claro e direto a quem interessar.
ISTOÉ - Logo no início do livro o sr. diz que, no momento de sua prisão,
políticos de prestígio, empresários, juízes e desembargadores tomavam
decisões sob a influência do alto comando católico. Quais eram os
políticos e juízes que agiam sob influência da cúpula católica?
Macedo - A Igreja Universal foi e continua sendo atacada. Isso não
acabou. Somos sempre alvo de certos setores da sociedade incomodados com
a perda de espaço e privilégios, como a Globo e o Vaticano. Há um claro
preconceito por trás disso. Uma postura agressiva velada. Ou alguém
duvida que a Globo só me ataca e ataca a Igreja Universal por causa da
Record? Para eles, a Record é uma ameaça. Naquele tempo da minha prisão,
por exemplo, houve um escândalo sem precedentes na televisão de que
pouca gente lembra. A Globo teve a petulância de colocar, em uma cena de
novela, uma atriz, prestes a ter relações sexuais, jogando o sutiã em
cima da "Bíblia Sagrada". Você tem ideia do que isso significa? Uma
afronta ao símbolo maior da fé cristã. A "Bíblia" não é um livro sagrado
apenas da Igreja Universal, mas de todos os cristãos. E o que
aconteceu? Nada! Muita gente aplaudiu, achou bonito. Em outro país, essa
emissora de tevê não passaria sem punição. E agora, vários anos depois,
essa mesma emissora quer patrocinar eventos de música gospel? Dá para
acreditar nas intenções dessa empresa? Estranho, não é?
07.jpg
ISTOÉ - A relação dos líderes católicos com a Universal mudou de lá para
cá? E com o Judiciário?
Macedo - Não temos relação com esse segmento religioso (os católicos)
porque eles ainda nos consideram como seita. Não temos nada contra o
povo católico, em sua enorme maioria formada por gente sincera e de bem.
Depois de 35 anos, apesar do trabalho social e espiritual desenvolvido
pela Igreja Universal, ainda somos tratados com preconceito, mas vamos
em frente, vamos arrebentar de qualquer maneira. Sempre foi assim. Sobre
os membros do Judiciário, penso completamente diferente. Tenho uma
avaliação extremamente positiva do nosso Judiciário. Confio muito no
senso de justiça e independência da classe de magistrados do nosso país.
ISTOÉ - Como o sr. se relaciona com a presidenta Dilma Rousseff? E com
os ex-presidentes Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula?
Macedo - Ao longo dos últimos anos tivemos alguns encontros com a
presidenta Dilma, por quem tenho profundo respeito. O último encontro
aconteceu em Londres, durante os Jogos Olímpicos. Procuramos mostrar a
ela e aos demais ministros que a democracia nos meios de comunicação,
principalmente na televisão, é o melhor caminho para o Brasil. Alertei a
presidenta Dilma que o monopólio nas comunicações é um caminho perigoso
para o País. Também tivemos algum relacionamento com os demais
presidentes brasileiros e diversas autoridades de outros países. Mais
isso vou detalhar no volume dois do meu livro de memórias.
ISTOÉ - O sr. é bem tratado pelos agentes do poder?
Macedo - Todos nos tratam com consideração pelo trabalho de recuperação
social que a Igreja Universal realiza junto às mais variadas classes
sociais. Quantos bilhões os governos economizam com o atendimento
espiritual proporcionado pela Igreja Universal? Quando alguém vence uma
crise crônica de depressão ou supera o vício das drogas, por exemplo,
quanto o sistema de saúde público economiza? Imagine esse efeito
multiplicado aos milhões.
ISTOÉ - Estudiosos das igrejas neopentecostais têm pesquisas mostrando
que os fiéis costumam fazer um rodízio entre as inúmeras denominações. A
Universal seria a preferida daqueles que passam por problemas
financeiros. Isso é real?
Macedo - A Igreja Universal é um pronto-socorro espiritual. Ela recebe
gente que sofre com os mais variados males, entre eles dificuldades
financeiras. Isso me faz lembrar uma importante reflexão. Se tanta gente
chega arruinada e é enganada e explorada por nós, como dizem por aí,
por que elas permanecem na Igreja Universal? O que é enganado, se
deixaria enganar uma única vez e não voltaria nunca mais. Mas por que
existem tantos templos lotados no Brasil? Por que existem tantos membros
fiéis com décadas de Igreja? Como explicar esse crescimento em todo o
mundo, acima de culturas, raças e idiomas? Não é o cumprimento da
promessa do bispo Macedo na vida delas. É o cumprimento dos juramentos
bíblicos.
06.jpg
ISTOÉ - Sociólogos são unânimes ao explicar o sucesso da Igreja
Universal pela máxima de que em seus cultos sustenta-se que a felicidade
plena deve ser alcançada e conquistada na vida presente. Então, no seu
entender, como seria a vida eterna, a vida pós-morte?
Macedo - Exatamente como a "Bíblia" ensina: salvação da alma para os que
aceitam e praticam essa fé e condenação para os que não aceitam. Isso
está escrito de maneira simples e objetiva. Acredita quem quer. O
destino após a morte é definido pelas escolhas que o ser humano faz em
vida. O céu e o inferno não são folclore. Aceitar o Senhor Jesus como
seu Salvador é o único caminho da salvação eterna da alma. E essa é a
maior riqueza de qualquer pessoa. Não existe bem maior do que a salvação
da nossa alma.
ISTOÉ - A principal acusação que o levou à prisão foi a de
charlatanismo, em razão de cultos em que havia exorcismo. Nos cultos
realizados pelo padre Marcelo Rossi, por exemplo, também se diz que os
dons do Espírito Santo são usados para a operação de milagres. O que o
difere do padre Marcelo?
Macedo - Não tenho a mínima ideia do que acontece em outros lugares. O
fato é que a Igreja Universal baseia sua crença cem por cento nos
ensinamentos da Palavra de Deus. E na "Bíblia" existem exemplos claros e
incontestáveis da manifestação da fé através da realização de curas e
da libertação espiritual. Temos milhares de histórias reais de pessoas
que experimentaram esses milagres e podem atestar, nos dias de hoje, a
veracidade das promessas cristãs. Mas o maior milagre é a conquista da
fé inteligente, capaz de gerar uma mudança radical de comportamento, a
transformação completa de pensamentos e de valores.
ISTOÉ - No livro, o sr. sugere que as perseguições contra a Universal
aumentaram depois da compra da Record.
Macedo - Como disse, o avanço da Record incomoda muita gente.
Crescimento ainda maior da Record significa o fim do monopólio, dos
mandos e desmandos de certos barões da mídia, de grupos religiosos
conservadores contrários à prática da fé que ensina as pessoas a pensar
livremente. São esses setores da sociedade que sempre nos atacaram.
Muita gente me odeia sem ao menos me conhecer. Pessoas que nem sequer
pararam para pensar mais a fundo sobre os princípios que defendemos. Eu
só quero que elas pensem e não formem suas opiniões pelo que leem nos
jornais ou veem na televisão. Eu sei que a tendência da maioria é ter
uma opinião negativa sobre nós porque as pessoas sempre foram
alimentadas pelas informações da mídia. Eu não as culpo. Desejo apenas
que pensem. Só isso. Pensem.
ISTOÉ - O sr. interfere no dia a dia da Record? Tem conhecimento prévio
do que vai ao ar?
Macedo - Existe um comitê de gestão formado pela presidência,
vice-presidências e algumas diretorias estratégicas que tomam as
decisões no dia a dia da Record. Eles se reportam a mim, de tempos em
tempos. São profissionais competentes que têm feito um ótimo trabalho e
em quem depositamos nossa confiança. Muitas vezes sou surpreendido por
uma estreia ou outra no ar. É claro que também dou minhas opiniões e
sugestões, mas são muito raras. Algumas são reprovadas (risos) e outras
aprovadas, como a produção de minisséries bíblicas, a exemplo de "Rei
Davi". Foi uma inovação importante para a televisão brasileira. O
trabalho foi belíssimo, alcançou um excelente resultado de audiência e
atingiu diferentes tipos de público. A determinação geral é seguirmos
firmes na construção de uma emissora de tevê com programação
diversificada e de qualidade, voltada para todos os brasileiros.
ISTOÉ - Quais os seus planos para o futuro da emissora, já que o mercado
das comunicações passa por grande transição?
Macedo - A Record tem um projeto de televisão em andamento. Não vivemos
de um acerto pontual ou outro na programação. Construímos um
departamento de jornalismo sólido e com credibilidade, uma fábrica de
novelas própria com milhares de funcionários e um projeto comercial que
conquistou a confiança dos anunciantes. O ano de 2013 será de grandes
investimentos em nossa emissora. Nossa meta é a liderança, não importa o
tempo que isso demore para acontecer. Nosso foco está bem definido.
Vamos chegar lá. Vamos arrebentar.
Fonte: Revista Isto É
REVISTA "ISTO É"
ENTREVISTA BISPO MACEDO
"O céu e o inferno não são folclore"
Em entrevista exclusiva, Edir Macedo conta que não tem residência fixa,
diz que a Igreja Universal ainda é perseguida pelos católicos, relata o
último encontro com a presidenta Dilma Rousseff e fala sobre o futuro da
Igreja e da Rede Record
Mário Simas Filho
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Edir Macedo estava no apartamento de aproximadamente 200 metros
quadrados no último andar do prédio da Igreja Universal do Reino de
Deus, na avenida João Dias, em São Paulo, quando soube que o lançamento
de sua autobiografia "Nada a Perder", na Argentina, fora um sucesso
(leia reportagem à pág. 68). Na sequência, Macedo foi informado de que o
livro também será traduzido para o francês e imediatamente começou a
procurar data na agenda para promover um lançamento em Paris no início
do próximo ano. Foi no embalo dessas notícias que, no domingo 18,
sentado no sofá da sala do imóvel que costuma ocupar quando está em São
Paulo, Edir Macedo concedeu entrevista exclusiva à ISTOÉ. Nos últimos
sete anos, é a primeira entrevista do bispo a um meio de comunicação que
não...
...pertence a ele. Aos 67 anos, o líder da IURD e dono da Rede Record
entende que ainda é tratado como o chefe de uma seita pela cúpula
católica. Ele relata o último encontro que teve com a presidenta Dilma
Rousseff, afirma que milagres continuam a ocorrer em seus templos e se
mostra emocionado quando faz referência às pessoas que conseguem
encontrar na Universal um novo caminho para suas vidas.
ISTOÉ - Como é sua rotina? Por que o sr. não mora no Brasil?
Edir Macedo - Não tenho uma rotina definida. Dedico cem por cento do meu
tempo às questões espirituais da Igreja Universal do Reino de Deus em
todo o mundo. Não exerço uma profissão ou um cargo executivo, exerço uma
missão de fé que tem como único objetivo pregar o Evangelho. Isso exige
certos sacrifícios, como, por exemplo, não ter uma residência fixa.
Viajo os continentes, o máximo que posso, para ensinar o que temos
recebido de Deus aos pastores e ao nosso povo. Em quase todos os países,
moro em apartamentos construídos no prédio da Igreja. Minha vida se
resume ao altar e ao convívio com minha esposa, Ester.
ISTOÉ - O sr. é um homem rico?
Macedo - Vivo da ajuda de custo da Igreja e dos direitos autorais. A
Igreja Universal não é patrocinada pelo governo ou por qualquer
iniciativa privada. Temos despesas para pagar. Aluguéis, reformas e
construções de centenas de templos, contas milionárias de luz e água,
ajuda de custo de milhares de pastores, mais de 5.800 funcionários
registrados etc., etc... Quem paga tudo isso? O dinheiro não cai do céu.
É Deus quem dá o sustento para a Sua Igreja abençoando a vida das
pessoas. Quanto mais elas recebem, mais elas nos ajudam a investir no
Evangelho. E mais: nunca recebi nenhuma remuneração da Record, nem como
pró-labore ou como ganho de lucros, conforme demonstrado nos balanços da
emissora, registrados na Junta Comercial. Todo o lucro é reinvestido na
própria Record. Ela está aí para crescer e conquistar um espaço ainda
maior.
ISTOÉ - Além da Record, o sr. possui empresas em outros ramos?
Macedo - Tenho em meu nome a Record, mas meu prazer mesmo é pregar o
Evangelho.
ISTOÉ - O bispo Edir Macedo consegue se distanciar do empresário das
comunicações Edir Macedo?
Macedo - Deixo os negócios sob responsabilidade dos profissionais
contratados para tocarem o dia a dia da Record, por isso não me
considero um empresário. Não tenho riqueza maior na vida do que a minha
fé. O nome do meu livro não é uma mera expressão literária. Não tenho
nada a perder. E isso é um recado claro e direto a quem interessar.
ISTOÉ - Logo no início do livro o sr. diz que, no momento de sua prisão,
políticos de prestígio, empresários, juízes e desembargadores tomavam
decisões sob a influência do alto comando católico. Quais eram os
políticos e juízes que agiam sob influência da cúpula católica?
Macedo - A Igreja Universal foi e continua sendo atacada. Isso não
acabou. Somos sempre alvo de certos setores da sociedade incomodados com
a perda de espaço e privilégios, como a Globo e o Vaticano. Há um claro
preconceito por trás disso. Uma postura agressiva velada. Ou alguém
duvida que a Globo só me ataca e ataca a Igreja Universal por causa da
Record? Para eles, a Record é uma ameaça. Naquele tempo da minha prisão,
por exemplo, houve um escândalo sem precedentes na televisão de que
pouca gente lembra. A Globo teve a petulância de colocar, em uma cena de
novela, uma atriz, prestes a ter relações sexuais, jogando o sutiã em
cima da "Bíblia Sagrada". Você tem ideia do que isso significa? Uma
afronta ao símbolo maior da fé cristã. A "Bíblia" não é um livro sagrado
apenas da Igreja Universal, mas de todos os cristãos. E o que
aconteceu? Nada! Muita gente aplaudiu, achou bonito. Em outro país, essa
emissora de tevê não passaria sem punição. E agora, vários anos depois,
essa mesma emissora quer patrocinar eventos de música gospel? Dá para
acreditar nas intenções dessa empresa? Estranho, não é?
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ISTOÉ - A relação dos líderes católicos com a Universal mudou de lá para
cá? E com o Judiciário?
Macedo - Não temos relação com esse segmento religioso (os católicos)
porque eles ainda nos consideram como seita. Não temos nada contra o
povo católico, em sua enorme maioria formada por gente sincera e de bem.
Depois de 35 anos, apesar do trabalho social e espiritual desenvolvido
pela Igreja Universal, ainda somos tratados com preconceito, mas vamos
em frente, vamos arrebentar de qualquer maneira. Sempre foi assim. Sobre
os membros do Judiciário, penso completamente diferente. Tenho uma
avaliação extremamente positiva do nosso Judiciário. Confio muito no
senso de justiça e independência da classe de magistrados do nosso país.
ISTOÉ - Como o sr. se relaciona com a presidenta Dilma Rousseff? E com
os ex-presidentes Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula?
Macedo - Ao longo dos últimos anos tivemos alguns encontros com a
presidenta Dilma, por quem tenho profundo respeito. O último encontro
aconteceu em Londres, durante os Jogos Olímpicos. Procuramos mostrar a
ela e aos demais ministros que a democracia nos meios de comunicação,
principalmente na televisão, é o melhor caminho para o Brasil. Alertei a
presidenta Dilma que o monopólio nas comunicações é um caminho perigoso
para o País. Também tivemos algum relacionamento com os demais
presidentes brasileiros e diversas autoridades de outros países. Mais
isso vou detalhar no volume dois do meu livro de memórias.
ISTOÉ - O sr. é bem tratado pelos agentes do poder?
Macedo - Todos nos tratam com consideração pelo trabalho de recuperação
social que a Igreja Universal realiza junto às mais variadas classes
sociais. Quantos bilhões os governos economizam com o atendimento
espiritual proporcionado pela Igreja Universal? Quando alguém vence uma
crise crônica de depressão ou supera o vício das drogas, por exemplo,
quanto o sistema de saúde público economiza? Imagine esse efeito
multiplicado aos milhões.
ISTOÉ - Estudiosos das igrejas neopentecostais têm pesquisas mostrando
que os fiéis costumam fazer um rodízio entre as inúmeras denominações. A
Universal seria a preferida daqueles que passam por problemas
financeiros. Isso é real?
Macedo - A Igreja Universal é um pronto-socorro espiritual. Ela recebe
gente que sofre com os mais variados males, entre eles dificuldades
financeiras. Isso me faz lembrar uma importante reflexão. Se tanta gente
chega arruinada e é enganada e explorada por nós, como dizem por aí,
por que elas permanecem na Igreja Universal? O que é enganado, se
deixaria enganar uma única vez e não voltaria nunca mais. Mas por que
existem tantos templos lotados no Brasil? Por que existem tantos membros
fiéis com décadas de Igreja? Como explicar esse crescimento em todo o
mundo, acima de culturas, raças e idiomas? Não é o cumprimento da
promessa do bispo Macedo na vida delas. É o cumprimento dos juramentos
bíblicos.
06.jpg
ISTOÉ - Sociólogos são unânimes ao explicar o sucesso da Igreja
Universal pela máxima de que em seus cultos sustenta-se que a felicidade
plena deve ser alcançada e conquistada na vida presente. Então, no seu
entender, como seria a vida eterna, a vida pós-morte?
Macedo - Exatamente como a "Bíblia" ensina: salvação da alma para os que
aceitam e praticam essa fé e condenação para os que não aceitam. Isso
está escrito de maneira simples e objetiva. Acredita quem quer. O
destino após a morte é definido pelas escolhas que o ser humano faz em
vida. O céu e o inferno não são folclore. Aceitar o Senhor Jesus como
seu Salvador é o único caminho da salvação eterna da alma. E essa é a
maior riqueza de qualquer pessoa. Não existe bem maior do que a salvação
da nossa alma.
ISTOÉ - A principal acusação que o levou à prisão foi a de
charlatanismo, em razão de cultos em que havia exorcismo. Nos cultos
realizados pelo padre Marcelo Rossi, por exemplo, também se diz que os
dons do Espírito Santo são usados para a operação de milagres. O que o
difere do padre Marcelo?
Macedo - Não tenho a mínima ideia do que acontece em outros lugares. O
fato é que a Igreja Universal baseia sua crença cem por cento nos
ensinamentos da Palavra de Deus. E na "Bíblia" existem exemplos claros e
incontestáveis da manifestação da fé através da realização de curas e
da libertação espiritual. Temos milhares de histórias reais de pessoas
que experimentaram esses milagres e podem atestar, nos dias de hoje, a
veracidade das promessas cristãs. Mas o maior milagre é a conquista da
fé inteligente, capaz de gerar uma mudança radical de comportamento, a
transformação completa de pensamentos e de valores.
ISTOÉ - No livro, o sr. sugere que as perseguições contra a Universal
aumentaram depois da compra da Record.
Macedo - Como disse, o avanço da Record incomoda muita gente.
Crescimento ainda maior da Record significa o fim do monopólio, dos
mandos e desmandos de certos barões da mídia, de grupos religiosos
conservadores contrários à prática da fé que ensina as pessoas a pensar
livremente. São esses setores da sociedade que sempre nos atacaram.
Muita gente me odeia sem ao menos me conhecer. Pessoas que nem sequer
pararam para pensar mais a fundo sobre os princípios que defendemos. Eu
só quero que elas pensem e não formem suas opiniões pelo que leem nos
jornais ou veem na televisão. Eu sei que a tendência da maioria é ter
uma opinião negativa sobre nós porque as pessoas sempre foram
alimentadas pelas informações da mídia. Eu não as culpo. Desejo apenas
que pensem. Só isso. Pensem.
ISTOÉ - O sr. interfere no dia a dia da Record? Tem conhecimento prévio
do que vai ao ar?
Macedo - Existe um comitê de gestão formado pela presidência,
vice-presidências e algumas diretorias estratégicas que tomam as
decisões no dia a dia da Record. Eles se reportam a mim, de tempos em
tempos. São profissionais competentes que têm feito um ótimo trabalho e
em quem depositamos nossa confiança. Muitas vezes sou surpreendido por
uma estreia ou outra no ar. É claro que também dou minhas opiniões e
sugestões, mas são muito raras. Algumas são reprovadas (risos) e outras
aprovadas, como a produção de minisséries bíblicas, a exemplo de "Rei
Davi". Foi uma inovação importante para a televisão brasileira. O
trabalho foi belíssimo, alcançou um excelente resultado de audiência e
atingiu diferentes tipos de público. A determinação geral é seguirmos
firmes na construção de uma emissora de tevê com programação
diversificada e de qualidade, voltada para todos os brasileiros.
ISTOÉ - Quais os seus planos para o futuro da emissora, já que o mercado
das comunicações passa por grande transição?
Macedo - A Record tem um projeto de televisão em andamento. Não vivemos
de um acerto pontual ou outro na programação. Construímos um
departamento de jornalismo sólido e com credibilidade, uma fábrica de
novelas própria com milhares de funcionários e um projeto comercial que
conquistou a confiança dos anunciantes. O ano de 2013 será de grandes
investimentos em nossa emissora. Nossa meta é a liderança, não importa o
tempo que isso demore para acontecer. Nosso foco está bem definido.
Vamos chegar lá. Vamos arrebentar.
Fonte: Revista Isto É
"O céu e o inferno não são folclore"
Em entrevista exclusiva, Edir Macedo conta que não tem residência fixa, diz que a Igreja Universal ainda é perseguida pelos católicos, relata o último encontro com a presidenta Dilma Rousseff e fala sobre o futuro da Igreja e da Rede Record
Mário Simas FilhoISTOÉ - Como é sua rotina? Por que o sr. não mora no Brasil?
Edir Macedo - Não tenho uma rotina definida. Dedico cem por cento do meu tempo às questões espirituais da Igreja Universal do Reino de Deus em todo o mundo. Não exerço uma profissão ou um cargo executivo, exerço uma missão de fé que tem como único objetivo pregar o Evangelho. Isso exige certos sacrifícios, como, por exemplo, não ter uma residência fixa. Viajo os continentes, o máximo que posso, para ensinar o que temos recebido de Deus aos pastores e ao nosso povo. Em quase todos os países, moro em apartamentos construídos no prédio da Igreja. Minha vida se resume ao altar e ao convívio com minha esposa, Ester.
ISTOÉ - O sr. é um homem rico?
Macedo - Vivo da ajuda de custo da Igreja e dos direitos autorais. A Igreja Universal não é patrocinada pelo governo ou por qualquer iniciativa privada. Temos despesas para pagar. Aluguéis, reformas e construções de centenas de templos, contas milionárias de luz e água, ajuda de custo de milhares de pastores, mais de 5.800 funcionários registrados etc., etc... Quem paga tudo isso? O dinheiro não cai do céu. É Deus quem dá o sustento para a Sua Igreja abençoando a vida das pessoas. Quanto mais elas recebem, mais elas nos ajudam a investir no Evangelho. E mais: nunca recebi nenhuma remuneração da Record, nem como pró-labore ou como ganho de lucros, conforme demonstrado nos balanços da emissora, registrados na Junta Comercial. Todo o lucro é reinvestido na própria Record. Ela está aí para crescer e conquistar um espaço ainda maior.
ISTOÉ - Além da Record, o sr. possui empresas em outros ramos?
Macedo - Tenho em meu nome a Record, mas meu prazer mesmo é pregar o Evangelho.
ISTOÉ - O bispo Edir Macedo consegue se distanciar do empresário das comunicações Edir Macedo?
Macedo - Deixo os negócios sob responsabilidade dos profissionais contratados para tocarem o dia a dia da Record, por isso não me considero um empresário. Não tenho riqueza maior na vida do que a minha fé. O nome do meu livro não é uma mera expressão literária. Não tenho nada a perder. E isso é um recado claro e direto a quem interessar.
ISTOÉ - Logo no início do livro o sr. diz que, no momento de sua prisão, políticos de prestígio, empresários, juízes e desembargadores tomavam decisões sob a influência do alto comando católico. Quais eram os políticos e juízes que agiam sob influência da cúpula católica?
Macedo - A Igreja Universal foi e continua sendo atacada. Isso não acabou. Somos sempre alvo de certos setores da sociedade incomodados com a perda de espaço e privilégios, como a Globo e o Vaticano. Há um claro preconceito por trás disso. Uma postura agressiva velada. Ou alguém duvida que a Globo só me ataca e ataca a Igreja Universal por causa da Record? Para eles, a Record é uma ameaça. Naquele tempo da minha prisão, por exemplo, houve um escândalo sem precedentes na televisão de que pouca gente lembra. A Globo teve a petulância de colocar, em uma cena de novela, uma atriz, prestes a ter relações sexuais, jogando o sutiã em cima da "Bíblia Sagrada". Você tem ideia do que isso significa? Uma afronta ao símbolo maior da fé cristã. A "Bíblia" não é um livro sagrado apenas da Igreja Universal, mas de todos os cristãos. E o que aconteceu? Nada! Muita gente aplaudiu, achou bonito. Em outro país, essa emissora de tevê não passaria sem punição. E agora, vários anos depois, essa mesma emissora quer patrocinar eventos de música gospel? Dá para acreditar nas intenções dessa empresa? Estranho, não é?
Macedo - Não temos relação com esse segmento religioso (os católicos) porque eles ainda nos consideram como seita. Não temos nada contra o povo católico, em sua enorme maioria formada por gente sincera e de bem. Depois de 35 anos, apesar do trabalho social e espiritual desenvolvido pela Igreja Universal, ainda somos tratados com preconceito, mas vamos em frente, vamos arrebentar de qualquer maneira. Sempre foi assim. Sobre os membros do Judiciário, penso completamente diferente. Tenho uma avaliação extremamente positiva do nosso Judiciário. Confio muito no senso de justiça e independência da classe de magistrados do nosso país.
ISTOÉ - Como o sr. se relaciona com a presidenta Dilma Rousseff? E com os ex-presidentes Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula?
Macedo - Ao longo dos últimos anos tivemos alguns encontros com a presidenta Dilma, por quem tenho profundo respeito. O último encontro aconteceu em Londres, durante os Jogos Olímpicos. Procuramos mostrar a ela e aos demais ministros que a democracia nos meios de comunicação, principalmente na televisão, é o melhor caminho para o Brasil. Alertei a presidenta Dilma que o monopólio nas comunicações é um caminho perigoso para o País. Também tivemos algum relacionamento com os demais presidentes brasileiros e diversas autoridades de outros países. Mais isso vou detalhar no volume dois do meu livro de memórias.
ISTOÉ - O sr. é bem tratado pelos agentes do poder?
Macedo - Todos nos tratam com consideração pelo trabalho de recuperação social que a Igreja Universal realiza junto às mais variadas classes sociais. Quantos bilhões os governos economizam com o atendimento espiritual proporcionado pela Igreja Universal? Quando alguém vence uma crise crônica de depressão ou supera o vício das drogas, por exemplo, quanto o sistema de saúde público economiza? Imagine esse efeito multiplicado aos milhões.
ISTOÉ - Estudiosos das igrejas neopentecostais têm pesquisas mostrando que os fiéis costumam fazer um rodízio entre as inúmeras denominações. A Universal seria a preferida daqueles que passam por problemas financeiros. Isso é real?
Macedo - A Igreja Universal é um pronto-socorro espiritual. Ela recebe gente que sofre com os mais variados males, entre eles dificuldades financeiras. Isso me faz lembrar uma importante reflexão. Se tanta gente chega arruinada e é enganada e explorada por nós, como dizem por aí, por que elas permanecem na Igreja Universal? O que é enganado, se deixaria enganar uma única vez e não voltaria nunca mais. Mas por que existem tantos templos lotados no Brasil? Por que existem tantos membros fiéis com décadas de Igreja? Como explicar esse crescimento em todo o mundo, acima de culturas, raças e idiomas? Não é o cumprimento da promessa do bispo Macedo na vida delas. É o cumprimento dos juramentos bíblicos.
Macedo - Exatamente como a "Bíblia" ensina: salvação da alma para os que aceitam e praticam essa fé e condenação para os que não aceitam. Isso está escrito de maneira simples e objetiva. Acredita quem quer. O destino após a morte é definido pelas escolhas que o ser humano faz em vida. O céu e o inferno não são folclore. Aceitar o Senhor Jesus como seu Salvador é o único caminho da salvação eterna da alma. E essa é a maior riqueza de qualquer pessoa. Não existe bem maior do que a salvação da nossa alma.
ISTOÉ - A principal acusação que o levou à prisão foi a de charlatanismo, em razão de cultos em que havia exorcismo. Nos cultos realizados pelo padre Marcelo Rossi, por exemplo, também se diz que os dons do Espírito Santo são usados para a operação de milagres. O que o difere do padre Marcelo?
Macedo - Não tenho a mínima ideia do que acontece em outros lugares. O fato é que a Igreja Universal baseia sua crença cem por cento nos ensinamentos da Palavra de Deus. E na "Bíblia" existem exemplos claros e incontestáveis da manifestação da fé através da realização de curas e da libertação espiritual. Temos milhares de histórias reais de pessoas que experimentaram esses milagres e podem atestar, nos dias de hoje, a veracidade das promessas cristãs. Mas o maior milagre é a conquista da fé inteligente, capaz de gerar uma mudança radical de comportamento, a transformação completa de pensamentos e de valores.
ISTOÉ - No livro, o sr. sugere que as perseguições contra a Universal aumentaram depois da compra da Record.
Macedo - Como disse, o avanço da Record incomoda muita gente. Crescimento ainda maior da Record significa o fim do monopólio, dos mandos e desmandos de certos barões da mídia, de grupos religiosos conservadores contrários à prática da fé que ensina as pessoas a pensar livremente. São esses setores da sociedade que sempre nos atacaram. Muita gente me odeia sem ao menos me conhecer. Pessoas que nem sequer pararam para pensar mais a fundo sobre os princípios que defendemos. Eu só quero que elas pensem e não formem suas opiniões pelo que leem nos jornais ou veem na televisão. Eu sei que a tendência da maioria é ter uma opinião negativa sobre nós porque as pessoas sempre foram alimentadas pelas informações da mídia. Eu não as culpo. Desejo apenas que pensem. Só isso. Pensem.
ISTOÉ - O sr. interfere no dia a dia da Record? Tem conhecimento prévio do que vai ao ar?
Macedo - Existe um comitê de gestão formado pela presidência, vice-presidências e algumas diretorias estratégicas que tomam as decisões no dia a dia da Record. Eles se reportam a mim, de tempos em tempos. São profissionais competentes que têm feito um ótimo trabalho e em quem depositamos nossa confiança. Muitas vezes sou surpreendido por uma estreia ou outra no ar. É claro que também dou minhas opiniões e sugestões, mas são muito raras. Algumas são reprovadas (risos) e outras aprovadas, como a produção de minisséries bíblicas, a exemplo de "Rei Davi". Foi uma inovação importante para a televisão brasileira. O trabalho foi belíssimo, alcançou um excelente resultado de audiência e atingiu diferentes tipos de público. A determinação geral é seguirmos firmes na construção de uma emissora de tevê com programação diversificada e de qualidade, voltada para todos os brasileiros.
ISTOÉ - Quais os seus planos para o futuro da emissora, já que o mercado das comunicações passa por grande transição?
Macedo - A Record tem um projeto de televisão em andamento. Não vivemos de um acerto pontual ou outro na programação. Construímos um departamento de jornalismo sólido e com credibilidade, uma fábrica de novelas própria com milhares de funcionários e um projeto comercial que conquistou a confiança dos anunciantes. O ano de 2013 será de grandes investimentos em nossa emissora. Nossa meta é a liderança, não importa o tempo que isso demore para acontecer. Nosso foco está bem definido. Vamos chegar lá. Vamos arrebentar.
istoé
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