quinta-feira, 25 de junho de 2009

[Comportamento] Como dizer “não” sem dizer “não”



Às vezes, a palavra ‘não’ pode ser um instrumento ríspido demais, que provoca vergonha e sentimentos de rejeição no interlocutor. Ou pode ser um grito de guerra, que produz resistência imediata e incita a outra parte a reagir. É muito fácil usar e abusar do ‘não’, particularmente com as crianças, e assim o termo vai perdendo sua força e credibilidade. As crianças aprendem a ignorá-lo ou a acreditar que, na realidade, quer dizer ‘talvez’. Precisamente por ser tão poderoso, o ‘não’ deve ser empregado com cautela, parcimônia e intenção clara. Muitas vezes, é melhor usar outras palavras para transmitir a mesma mensagem. Em outras ocasiões, é possível dizer um ‘não’ categórico sem efetivamente pronunciar a palavra. Vejam os seguintes exemplos: No meio de uma consulta médica, a filha de cinco anos insiste com seu pai que ela quer ir embora. “Querida, nós vamos ficar”, responde calmamente pai.
Na tentativa de obter um preço menor, um cliente insiste em desmontar a oferta de uma empresa de limpeza, separando os produtos de limpeza dos serviços de treinamento e gerenciamento. “Nosso produto é um pacote completo”, responde o representante da empresa. Ao telefone, ouvindo um bombardeio de insultos lançados por um importante investidor, o executivo de um hotel responde calmamente: “Entraremos em contato com o sr. amanhã sem falta”, e desliga o telefone –para todos os efeitos dizendo ‘não’ ao comportamento do cliente. Em todos esses casos, o significado e poder do ‘não’ foram transmitidos claramente, mas sem que a palavra fosse proferida. O ‘não’ permaneceu subentendido, tácito. Uma opção é focar a atenção no ‘sim’ inicial e no ‘sim’ final, deixando o ‘não’ implícito. Por exemplo, diante da perspectiva de uma longa viagem de carro com um amigo que fala demais, você pode anunciar: “Que dia!… Hoje só quero um pouco de paz e tranqüilidade. O que você acha de irmos ouvindo um pouco de música em silêncio para relaxar?” Em outras palavras, basta apenas apresentar a sua posição e complementá-la com uma proposta concreta. Outra opção é reformular o ‘não’ como um ‘sim’. Em vez dizer a seu filho: “Nada de brincar enquanto não acabar a lição de casa”, você diz: “Você poderá brincar assim que terminar a sua lição”. Em vez de dizer a um colega de trabalho: “Não posso ajudá-lo enquanto eu não acabar este serviço”, diga: “Terei o máximo prazer em ajudá-lo assim que eu completar este serviço”. Em vez dizer a um amigo: “Não irei com você ao jogo”, diga: “Encontro você logo depois do jogo”. Em outras palavras, coloque o seu foco no positivo ao mesmo tempo em que estabelece os limites necessários. Maneiras indiretas de dizer ‘não’ podem ser confusas – Algumas culturas, particularmente as do leste da Ásia, não poupam esforços para idealizar maneiras de dizer ‘não’ sem empregar realmente a palavra, evitando assim envergonhar o interlocutor e permitindo a ele salvar as aparências. Porém, o fato de não usarem a palavra não significa que não digam ‘não’, apenas que buscam maneiras indiretas de fazê-lo, como recorrer a terceiros ou lançar sinais discretos e sutis. Isso pode ser muito confuso para aqueles que não forem bem versados na semiótica de uma cultura diferente. Sea, soube do caso de um alto executivo que foi visitar a Coréia do Sul e se reuniu com o presidente de uma montadora coreana. Na época, a empresa dos EUA detinha 10% das ações da empresa coreana e o executivo propôs a seu colega que essa participação aumentasse para 50%. “Isso não é impossível”, respondeu educadamente o executivo coreano. Analisando essa resposta, o executivo norte-americano raciocinou: “Se ‘isso não é impossível’, significa então que é possível”. De modo que, quando voltou para Detroit, enviou uma equipe de alto nível até Seul para fechar o acordo. Mas, durante duas semanas, nada aconteceu, pois cada reunião marcada era sempre e inexplicavelmente adiada. Por fim, um gerente coreano levou seu colega norte-americano para um canto e explicou-lhe que “Isso não é impossível” era apenas uma maneira educada de dizer “Nem morto”. O importante é ter em mente que embora a palavra ‘não’ nem sempre precise ser pronunciada, a intenção sempre tem de ser transmitida de maneira clara e vigorosa.

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