Será que o verdadeiro líder abusa do poder em benefício próprio?
Um
líder precisa ser um modelo de retidão e justiça. Deve ser coerente com
os valores que defende e honesto em suas próprias atitudes. O que
pensar, então, quando a liderança exercida deixa de ser exemplar e se
torna autoritária e arbitrária? Abusar do poder pode parecer um caminho
fácil para enfrentar desafios e controlar qualquer situação. Mas,
certamente, não é o melhor meio nem o mais inteligente.
O profissional que assume uma posição de
liderança ou um cargo relevante possui grandes responsabilidades e, por
isso, deve ter aptidão para administrar conflitos e solucionar
problemas. Deve ser alguém inspirador – pois a sua postura e as suas
atitudes serão reproduzidas por aqueles que o rodeiam – e ser admirado
por suas ações. Infelizmente, nem sempre essas ações são admiráveis.
Nas últimas semanas, casos de abuso de
poder ganharam destaque na imprensa, principalmente pela forma radical e
surpreendente com a qual foram conduzidos. O mais recente deles
aconteceu no Maranhão, na cidade de Imperatriz (a 665 quilômetros da
capital, São Luís). O juiz Marcelo Testa Baldochi, que estava com viagem
marcada para Ribeirão Preto (SP), chegou atrasado ao aeroporto local. O
check-in havia terminado quatro minutos antes e Baldochi teve o acesso à
aeronave negado. Inconformado, deu voz de prisão em flagrante aos
funcionários da companhia aérea.
Será que Baldochi merecia algum
tratamento diferenciado pelo simples fato de ser juiz? Diante das regras
e do regulamento, coube aos funcionários impedir o acesso ao avião,
medida que seria tomada com qualquer outro passageiro. O juiz se excedeu
e abusou do poder em benefício próprio e foi criticado pela atitude até
mesmo pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Na ocasião, a
AMB informou que “considera inadmissível qualquer atitude praticada por
agentes públicos, magistrados ou não, que represente abuso de poder e
autoridade.” No último dia 17, o Tribunal de Justiça do Maranhão decidiu
manter o juiz afastado de suas funções até o fim da sindicância, que
está sendo realizada pela Corregedoria de Justiça.
Máscara
Baldochi não é o único profissional de
cargo relevante que acredita estar acima de qualquer pessoa. Muitos
outros fazem o uso da frase “você sabe com quem está falando?” quando é
conveniente e se acham no direito de usar a influência que possuem para
satisfazer interesses particulares. A superioridade parece até uma
máscara usada para disfarçar a incapacidade de assumir os próprios
erros. Ou melhor, assumir as consequências das próprias atitudes.
Quem acha que tem o poder total nas mãos
acredita que pode fazer o que bem entende e tirar vantagem das
situações enfrentadas. São pessoas que burlam as leis para se livrar de
problemas, quebram regras ou são privilegiados em situações em que
outros não teriam nenhum tipo de vantagem. Em vez de usar a autoridade
em prol da sociedade, abusam do poder em benefício próprio.
Não é
preciso passar por cima de regras e valores para permanecer no comando
da situação. Para conquistar respeito, é preciso, antes de tudo,
respeitar.
Sem comentários:
Enviar um comentário