quarta-feira, 24 de julho de 2013

Por que deixei de ser católico (2)

 
Leia a primeira parte deste artigo aqui.

Minha experiência com católicos devotos é que são muito sinceros, muitas vezes mais que religiosos evangélicos e de tantas outras religiões. Meu pai era um, e toda a família seguia nos seus passos.

Mas quando a desgraça bateu à nossa porta, e toda aquela devoção e sinceridade religiosa falhou em evitar o mal e em nos ajudar a lidar com ele, então fomos em busca de outra ajuda. Meu irmão mais velho foi convidado à uma igreja “de crente” (assim nós católicos nos referíamos a todas as outras igrejas), e um mês depois ele estava tão entusiasmado que eu o acompanhei pela primeira vez.
O impacto foi imediato. Em vez da religiosidade e rituais incompreensíveis aos que estava acostumado, encontrei pessoas que pareciam genuínas em seu trabalho, confiantes e com um brilho no rosto que nunca tinha visto. Uma hora e pouco ali presente foi suficiente para eu sair com esperança renovada, mais leve, e com certeza de que as coisas iriam melhorar. Eu nunca havia sentido isso em uma missa.
Porém o que mais abriu a minha mente foi como eles incentivavam a leitura e a compreensão da Bíblia. Nós tínhamos a Bíblia em casa, como todo bom católico, na estante, aberta no Salmo 91 para trazer boas “vibrações”. Obviamente não estava funcionando.
A Bíblia para nós católicos era mais como um objeto sagrado, suposto a ser tratado como aquela santa de quase meio metro que meu pai tinha na parede da sua empresa: você olha, respeita, espera que lhe traga boa sorte, mas não entende muito como funciona. O católico de modo geral não é incentivado a ler a Bíblia. Quando íamos à missa, a liturgia já estava pronta num papel que todos liam; rezas e repetições que eu nunca acertava a hora certa de falar em voz alta com todo mundo.
Eu não sabia, na altura, que muitas de nossas crenças católicas estavam em total desacordo com a Bíblia. Aqui vão apenas algumas como exemplo:
  1. Maria foi virgem só até Jesus nascer, depois teve outros filhos biológicos: Marcos 6:3
  2. Fazer e ter imagens de escultura em veneração à santos ou ao próprio Jesus quebra os dois primeiros dos Dez Mandamentos: Êxodo 20:2-5
  3. Jesus é o único Caminho até o Pai, não os santos e nem Maria: João 14:6.
  4. Somente Jesus tem poder de atender orações, não os santos: João 14:14.
  5. Jesus proíbe chamar alguém de pai (papa) em sentido religioso: Mateus 23:9
  6. O bispo DEVE ser casado, contrário ao que se pratica na Igreja Católica: 1 Timóteo 3:2
  7. O Vaticano diz que Pedro foi o primeiro papa, a “pedra da igreja”, mas ele mesmo se identificou apenas como presbítero, como outros discípulos: 1 Pedro 5:1; Jesus é a única pedra fundamental, e não Pedro: 1 Coríntios 3:11
  8. O Vaticano diz que um papa é “infalível” quando fala sobre assuntos espirituais, mas o próprio Pedro foi repreendido diante de várias pessoas por estar agindo errado: Gálatas 2:14
  9. O Vaticano proibiu a leitura bíblica dos seus fieis, sendo que Jesus ordenou que a Bíblia seja examinada: João 5:39
  10. A salvação da alma é pela fé que se manifesta em obras e não só por obras: Efésios 2:8,9
  11. Na Bíblia, todos bebem do cálice na ceia (eucaristia), mas na missa só o padre pode fazê-lo: Mateus 26:26,27
  12. Para se batizar, a pessoa deve crer primeiro, portanto bebês não qualificam: Marcos 16:16
  13. Após a morte vem o juízo, não purgatório. Por isso não há razão de rezar pelos mortos: Hebreus 9:27 e Lucas 16:20-31
Mas a lista é longa demais para este blog. Martinho Lutero que o diga.
Sabe aquele feeling que você sente quando descobre que foi enganado? Multiplique isso por cem e você terá ideia de como me senti. Talvez você mesmo, amigo católico, esteja sentindo assim aí agora, só de ler esta lista acima — que dirá quando você for consultar os versículos na sua própria Bíblia, mesmo católica.
Como eu poderia continuar sendo enganado? E meus pais, não sabiam disso? E os milhões de católicos no mundo nunca ouviram isso? Como isso é possível? O que eu deveria fazer agora?
As perguntas eram muitas. A raiva era grande. Tanta, que meu irmão não aguentou e fez justiça com as próprias mãos — literalmente.
No próximo post eu vou lhe contar o quê e como.


Bispo Renato Cardoso!

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